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29 set a 01 out 2023 — Sabóia, Odemira

Paraíso

Madalena Victorino, Nuno Salvado + convidados · Portugal
Jantar Performativo — M/12+

“Paraíso” são três jantares que são também três espectáculos de dança, música e alimento. Alimento para o pensamento. Porque ansiamos que um mesmo público volte em cada noite para se alimentar de novo, estes três jantares na terra de Sabóia, serão únicos, sempre diferentes, mas ligados entre si. Será do seu conjunto que sairá a impressão de como vivemos em plena zona de torrencialidade.

São três noites atravessadas e envolvidas por uma só energia, o rio. O rio sempre a correr como elo de união que tudo liga e que avança sempre nas direcções do seu futuro próximo, o próximo espectáculo. Esse correr da água, vai mudando, vai transformando elementos que saltam de uma noite para outra, levando-os em cada jantar a outros fluxos e lugares.

Vamos dançar sempre, para oferecer a sensação de uma terra movediça que não se instala e não sossega. É o servir da refeição que traz o rio sempre à superfície, falar-se-á perto das pessoas e vai haver música, sons e canto que inundam o espaço de sentidos atravessados de contradição, mas também de mutualidade, de hospitalidade, simbiose e parceria. Estaremos todos em relação com o alimento, com o pensamento, com a acção e o som. Como se estivéssemos à mesa de uma grande mesa que não existe.

“Paraíso” é uma ideia de Madalena Victorino que surgiu a propósito da realização do colóquio “Águas Gémeas”, integrando assim a sua programação, assim como da “Noite das Ideias”, organizada pelo Institut Français du Portugal.


29 SET 2023
Primeiro jantar
LEVAR A ÂNCORA

O destino da água, é correr. Correr em gravidade. O mergulho da terra na água e a torrencialidade da água como resposta. E como será importante levar a nossa âncora connosco. Se fôssemos seres da água, trazíamos no peito um vazio em forma de peixe, onde mais nenhuma forma encaixasse, que mais nenhuma forma pudesse tapar.

Para que haja uma energia líquida no ar, o jantar será servido entre caldos e águas de múltiplas densidades que se movem entre o que não é solvente.

Quando a comida é pouca, há que comer devagar.


30 SET 2023
Segundo jantar
O PÃO DA VÉSPERA

“Quem perde a terra, perde a alma” (Bruno Latour).

O “Paraíso” neste segundo jantar são as hortas feitas pelos homens e mulheres que, com as suas mãos, trazem humidade e humanidade à terra árida. O rio pára e surge uma lagoa que parece um campo líquido não transparente acabado de arar. Energia térrea, dura e sólida que caminha, se partilha e ressalta para o regaço de cada um, ao longo do jantar.

Um jantar feito com o pão da véspera, como fonte profunda de criação de lamas, de pastas, de sopas. Um convite para trincar o duro devagar, para saborear as pedras que davam pão. As pedras como campos simbólicos da selva humana. As lutas surdas e as formas de vencer, sucumbir, reagir, resolver levar-nos-ão aos terreiros onde o amor se veste do avesso. O que temos feito? Desamar e desarmar a terra.

A noite não se deve confundir com o medo, mas com a comida.
Só o pão acabado de fazer, sabe a fome.


01 OUT 2023
Terceiro jantar
ÁGUAS TURVAS

Lavar as encostas, levar as encostas, encostar-se. Entrar em parceria e em associação não estável. Flutuar em função das circunstâncias. Fundir-se. Estar de costas. Parar, pairar, turvar, silenciar. Calar os pensamentos, as imagens, as maledicências, a superficialidade. As palavras serão como as partes do dia que turvam, surgem inacabadas, encobrem e revelam.

Deixar algo no prato, para declinar a gula, mostrar a contenção. O banquete que se consome. A beleza do transitório. Haverá mais pessoas e menos comida.

Fome, flores, dor, excessiva realidade. Das chuvas pluviais nascem mínimas plantas que salvam da ruína. Eis o contrário da guerra: regar e regar é uma vitória.


/ ficha artística

Uma ideia de Madalena Victorino criação, dramaturgia e coreografia

/Música original Nuno Salvado  /Excertos de texto Afonso Cruz

/Em co-criação com Maria Ramos coreografiaAna Carvalho e Mariana Canha criação da nutrição do ParaísoNuno Salvado e Inês Pereira criação da composição musicalCarolina Sendim, Noy Yona, Pedro Matias dançaInderjeet Singh, Johannes Krieger, Sheila Kamayd músicosSónia Barradas palavraCaetana Coutinho, Inês Coutinho, Janik Brück, Nana Brück, Paul Brück, Afonso Kamayd participação especialGrupo Etnográfico de Santa Clara-a-Velha: Adelina Maria, Adília Pereira, Alice Alves, António Perpéto, Armando Francisco, Conceição Dias, Dinas Silva, Idalina Abílio, Inácia Felicidade, José Nobre, José Simão Guerreiro, José Ventura, Manuel Duarte, Natércia Silva, Noémia Perpéto, Odália Gonçalves, sob a direcção de Odete Oliveira interpretação

/Direcção Técnica e Desenho de Luz Joaquim Madaíl  /Técnica Olivier Vincent  /Produção Lavrar o Mar  /Apoio à Produção Patrícia Santos e Manuel Cheta

/Apoios e Agradecimentos Câmara Municipal de Odemira, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Junta de Freguesia de Sabóia, Junta de Freguesia de Santa Clara-a-Velha, Casa do Povo de Santa Clara-a-Velha, Associação Transitória, Associação Clara, Associação Provisória, CACO – Associação de Artesão do Concelho de Odemira e CRIAR - Centro em Rede de Inovação do Artesanato Regional

Apresentação no âmbito da programação do colóquio “Águas Gémeas” e da “Noite das Ideias”, organizada pelo Institut Français du Portugal


/apoio




/parceria


                
                
Odemira – Moagem Sabóia
29 · 30 set 01 out 2023 (sex, sáb e dom) – 19h30
Duração
2 h 00 aprox.
Classificação Etária
M/12+
Bilhetes
12€ Preço Único

BILHETEIRA
Bilhetes à venda também em
Aljezur – Casa Lavrar o Mar – Rua João Dias Mendes, 46